Pessoa. Toda arte é uma forma de literatura, no Reina Sofía
Desde o dia 7 de fevereiro e até 7 de maio, o museu Rainha Sofia de Madrid, acolherá a exposição: “Pessoa. Toda a arte é uma forma de literatura”, título que vem de uma frase de Álvaro de Campos, um dos heterónimos de Fernando Pessoa, que foi publicada na revista portuguesa Presença.
Através da prolífica produção dos seus mais de cem heterónimos, Pessoa criou uma vanguardia própria e converteu-se em intérprete da crise do sujeito moderno, transpondo para a sua obra um olhar múltiple que atribuiu à sua desorientação existencial. Mas, para além de representar o modernismo, o imortal escritor foi criador dos seus próprios “ismos”. Paulismo, Interseccionismo e Sensacionismo são movimentos de vanguardia criados por ele que se convertem também no centro temático desta exposição para recriar um relato visual da cena cultural lusa de vanguardia.
Com a curadoria de João Fernandes e Ana Ara, a exposição contém uma selecção de obras de José de Almada Negreiros, Amadeo de Souza-Cardoso, Eduardo Viana, Sarah Afonso ou Júlio, entre outros que apresentam uma visão do modernismo no Portugal da época, no qual Pessoa é considerado o principal representante em literatura. Estas obras estão relacionadas com as principais correntes estéticas portuguesas desde começos do século XX até 1935. Ditas correntes acusaram a inevitável influência das tendências europeias dominantes, mas trataram, no entanto, de se distanciar delas. Diferentes escritos de Pessoa dão conta do lugar particular destes ismos da sua colheita, bem como do seu carácter distintivo dentro do contexto europeu com alusões explícitas, por exemplo, às diferenças entre o Futurismo e o Interseccionismo. De outro lado, várias destas obras refletem um gosto pelo popular e a idiosincrasia lusa que aparece tanto no trabalho dos artistas portugueses que viajaram a Paris, como no dos estrangeiros que passaram temporadas em terras portuguesas, caso de Sonia y Robert Delaunay.
A mostra dedica também uma especial atenção às revistas publicadas durante este período, como: A Águia, Orpheu, K4, O Quadrado Azul, Portugal Futurista ou Presença, nas quais se publicaram alguns dos textos de Pessoa e que actuaram como grandes divulgadoras das ideias de vanguardia exerceram uma grande influência estética e ideológica nos intelectuais portugueses da primeira metade do século XX.