Nona edição do Festival de Fado de Madrid
A nona edição do Festival de Fado de Madrid terá lugar no Teatro Nuevo Apolo de 21 a 23 de Junho. Nesta ocasião o seu tema central é “O Fado e o Teatro”.
É no teatro e com o teatro que o fado se torna um domínio musical de singular importância na memória cultural portuguesa, consolidando-se lentamente como um produto cultural de masas.
Da atmosfera dos bordéis, tabernas ou salões da aristocracia e da burguesia superior mais boémia, a sua integração no teatro durante a segunda metade do século XIX consagrou-o entre as pessoas e institucionalizou-o do ponto de vista artístico, urbanizando-o e transformando-o, em suma, na canção de Lisboa e numa espécie de banda sonora permanente da sua vida e do seu quotidiano.
Como todos os anos, o protagonismo central do festival será a música que vem representada por 3 grandes artistas: António Zambujo, Cristina Branco y embora no início Carlos Do Carmo ía por fim ao festival, devido a uma intervenção o fadista teve de cancelar a sua actuação. Em seu lugar, outro grande fadista fechará o Festival: Camané.
O primeiro concerto terá lugar a 21 de Junho e será dado por António Zambujo.
Zambujo nasceu na cidade de Beja, no Alentejo, a 19 de Setembro de 1975, onde teve uma promissora e sólida infância musical. Publicou o seu primeiro álbum em 2002 e iniciou uma impressionante série de prémios e distinções, entre as quais se destaca a decoração da Ordem do Infante D. Henrique, que lhe foi entregue pelo Presidente da República, em 2015.
O aclamado artista vai apresentar ao vivo as canções do seu último álbum: “Do Avesso” e irá também rever os fados tradicionais que marcaram a sua carreira de sucesso e será acompanhado por Bernardo Couto na guitarra portuguesa, Diogo Costa no contrabaixo e Filipe Melo no piano.
No dia 22 de junho será a vez de Cristina Branco.
O fado entrou na vida de Cristina Branco por uma feliz coincidência. Aos 18 anos, o avô deu-lhe o álbum “Rara e inédita”, a principal e mais desconhecida obra de Amália Rodrigues, que acabaria por mudar a sua vida para sempre.
Cristina Branco reúne toda a emoção que o gênero poderia conter em sua íntima comunhão entre voz, poesia e música. Como muitos outros que, desde meados dos anos 90, encontraram a sua forma de expressão no fado e assim contribuíram para uma surpreendente renovação da “Canção de Lisboa”, Cristina Branco começou a definir o seu percurso, onde o respeito pela tradição anda de mãos dadas com a vontade de inovar.
Falando em inovação, Cristina Branco lançou Menina em 2016, um trabalho com temas originais de autores como Filho da Mãe e André Henriques (Linda Martini). Em março de 2017, o álbum recebeu o prémio de Melhor Álbum de 2016 atribuído pela Sociedade Portuguesa de Autores e o artista foi nomeado para o Globo de Ouro de Melhor Intérprete Individual.
2018 foi o ano de “Branco”. Este novo trabalho do cantor, com arranjos do trio formado por Bernardo Couto (guitarra portuguesa), Bernardo Moreira (contrabaixo) e Luís Figueiredo (piano) é um álbum pessoal e uma nova página na carreira de Cristina.
A última apresentação do Festival será com Camané e terá lugar no dia 23 de Junho.
O fado confunde-se com a vida e o Camané confunde-se com o fado. Camané continua a afirmar-se como uma voz única na arte de cantar fado, demonstrando uma rara sensibilidade musical.
Ele é um dos cantores mais aclamados nacional e internacionalmente. Desde 1995, os álbuns de Camané tornaram-se grandes sucessos, todos com características próprias e bem definidas.
Em 2013 revê a sua carreira musical editando uma compilação de alguns dos seus sucessos, regressando Camané aos grandes salões de Portugal para apresentar o Best 1995-2013.
Em Abril de 2013 vendeu bilhetes no auditório do CCB e em Novembro repetiu o feito de 2008, enchendo o Coliseu de Lisboa. Foi um concerto com convidados especiais que ficará para a história do fado.
Em 2014 percorreu quinze cidades portuguesas e outra na Europa (em países como a Alemanha, Macedónia e Rússia).
Em 2015 começou com dois concertos no “Festival de Mérida”, no México, onde cantou pela primeira vez. Em Março regressou aos Estados Unidos e Canadá: seis concertos, seis teatros completos. A excursão passou por Nex Bedford, Nova Jersey e São Francisco. Nos Estados Unidos destacou-se nos concertos em NJPAC e SFJAZZ onde o público que sabia menos do seu trabalho se entregou à sua emoção e autenticidade no palco. No Canadá, as cidades de Toronto, Monreal e Vancouver também superaram todas as expectativas.
Depois de 2015, com seu trabalho “Infinito Presente”, Camané lança o álbum “Camané canta Marceneiro” em homenagem a Alfredo Marceneiro (1891-1982) que apresentará em palco no Teatro Nuevo Apolo de Madrid.
Para além de conciertos, o Festival de Fado inclui mais outras atividades:
Exposição “O Fado e o Teatro”, uma exposição representativa do Fado produzida pelo Museu do Fado e pela EGEAC. A exposição pode ser visitada durante o Festival na Filmoteca.
No mesmo espaço terá lugar a exibição de dois filmes:
“O Pátio das Cantigas”
Este filme mostra uma encruzilhada de histórias de personagens que vivem num pátio típico de Lisboa. O quotidiano dos residentes desta pequena comunidade apresenta-se em histórias de amor e ciúmes, alegrias e tristezas, sonhos e decepções, num cenário em que vários casais são protagonistas de uma acção que decorre durante os festivais de padroeiros de Lisboa.
“O Costa do Castelo”
Comédia de intrigas amorosas, cuja história começa quando o jovem Daniel aluga um quarto, na zona de Lisboa da Costa del Castillo, para estar perto de Luisinha, a garota por quem está apaixonado. Depois de descobrir sua verdadeira posição social, confusões cômicas e diálogos humorísticos se sucedem, fazendo com que todos passem a viver no sumptuoso palácio de sua mãe.
Conferèncias do Festival de Fado
“Fado e teatro” por Sofia Bicho
É no teatro e com o teatro que o fado se constitui como um domínio musical de singular importância na memória cultural portuguesa e vai-se consolidando, desde as últimas décadas do século XIX, como um produto cultural de massas.
Dando ao fado um protagonismo absoluto ou integrando-o em contextos musicais contínuos, o teatro foi decisivo para o impulso e desenvolvimento do universo do fado, condicionando os seus repertórios e promovendo a produção fonográfica local desde o início do século XX.
De facto, se foi na cena teatral que se realizou uma das mais importantes reconfigurações do repertório do fado, graças ao desenvolvimento do fado-canción, foi também o teatro que foi o grande promotor da gravação dos temas que ganhou cada vez mais popularidade nos palcos das revistas e operetas.
Masterclass de Guitarra Portuguesa com José Manuel Neto
Actualmente é um dos mais brilhantes guitarristas de Fado. José Manuel Neto estará presente numa master class para falar das suas experiências cheias de sentimentos e emoções e do seu conhecimento da guitarra portuguesa. Será uma conversa informal que desvendará os mistérios deste instrumento e a arte de tocar.