Expressões portuguesas engraçadas e as suas origens
A língua portuguesa é muito rica. Também em expressões, cujo sentido literal é engraçado, embora descrevam bem uma situação concreta. Muitas delas são muito antigas e com referência a fatos históricos. De entre a multidão de expressões Portuguesas típicas, destacamos estas:
“Ficar a ver navios”. Significa ser enganado ou ver as expectativas frustradas e ficar desiludido. A expressão tem origem na época das descobertas, em que vários cidadãos de Lisboa costumavam ir ver os barcos entrando no Tejo desde o Alto de Santa Catarina. Para alguns autores eram armadores esperando as caravelas que vinham de ultramar, esperando a que trouxessem tesouros;para outros, seriam os populares que criam na volta de D. Sebastião, rei de Portugal, desaparecido em África, em batalha de Alcácer-Quibir, em 1578, e que esperavam em vão o regresso do monarca. Outra teoría diz que a expressão vem da partida da familia real portuguesa para o Brasil aquando das invasões francesas, no ano de 1807.
Alto de Santa Catarina, Lisboa
“Do tempo da Maria Cachucha”. Significa muito antigo e refere-se a uma dança espanhola que estava muito em voga também em Portugal no século XIX. Outra forma de referir-nos a algo muito antigo é “Do tempo dá Sê de Braga”, já que Braga é a mais antiga arquidiócesis de Portugal (século IV).
“As obras de Santa Engrácia”, significa algo que está a demorar muito, a eternizar-se. Refere-se à história da construção da igreja de Santa Engrácia, o chamado “Panteão Nacional” cerca do Campo de Santa Clara em Lisboa. A infanta D. María, filha do rei D. Manuel I, mandou construir este templo em 1568. A construção esteve cheia de contratempos e demorou quase 400 anos em ser terminada. De facto, a igreja foi terminada e inaugurada por Salazar como o Panteão Nacional em 1966.
Panteão Nacional – Parroquia de Santa Engracia – Lisboa
“Cuspir Fininho”. É uma expressão muito lisboeta. José Cardoso Pires explica-a em seu “Lisboa – Diário de Abordo” como o linguajar desafiador dos lisboetas mais típicos.
“Rés-vés Campo de Ourique”. Significa ficar bem perto de conseguir ou atingir algo. Tem origem no facto que o terramoto de 1755 destroçou quase toda Lisboa, mas o bairro de Campo de Ourique ficou intacto e salvou-se por pouco.
El Barrio lisboeta de Campo de Ourique. Via Sol.
“Não jogar com o baralho tudo”. Significa estar louco/a (Similar a “Falta-lhe um parafuso”).
“Que Massada!”(ou também “Que maçada!”). Significa um contratempo ou tragédia. A sua origem é a história de Massada, no Mar Morto, onde o povo judeu permaneceu anos resistindo ao assédio dos romanos e terminou num suicídio coletivo.
Massada (Israel). Via Travelinnate
“Tirar o cavalinho dá chuva”. Significa desistir de algo, que não vai passar, que tiremos ilusões. A origem era que em séculos passados a gente prendia os cavalos afora de uma casa e se a visita ia para longo o anfitrião sugeria que tirarão o cavalo de afora, da chuva.
Tirar o cavalinho da chuva (via Na Ponta da Madeixa)
“Pentear Macacos”. Significa que queremos que alguém deixe de nos importunar. Outra expressão com significado similar é “Ir chatear Camões”.
“Ter muita lata”, significa atrevimiento ou ausência de vergonha.
Ter muita lata. Via vortexmag.
“Isto não é a casa da Joana”. Significa que hão-de se respeitar certos limites com uma pessoa. Joana foi uma condessa de Provença e rainha de Nápoles do século XIV que foi expulsa da Igreja por levar uma vida disoluta. Diz-se que viveu num bordel de Avinhão.
“Ter a pulga atrás da orelha”. Significa estar desconfiado, ou preocupado.
Via Vortexmag.
Há muitas mais. Que outras expressões portuguesas acha engraçadas?