Exposição: Pós-Pop, Fora do Lugar-Comum em Lisboa
De 20 de abril até 10 de setembro de 2018 terá lugar na Fundação Calouste Gubelkian de Lisboa uma interessante exposição: Pós-Pop, Fora do Lugar-Comum- Desvios da «Pop» em Portugal e Inglaterra, 1965-1975.
Ana Hatherly (1929-2015) «Papagaios em Hampstead Heath», sem data. Ponta de feltro sobre postal, 8,9 x 14 cm. Museu Calouste Gulbenkian – Coleção Moderna, inv. DP1460. Doação do Artista. Foto: Paulo Costa
Esta exposição apresenta obras produzidas entre 1965 e 1975 em Portugal e Inglaterra e mostra a divergência sobre os lugares comuns propostos pela Pop Art e, no caso dos artistas portugueses que fugiam da mediocridad que se vivia em seu país, existe um nexo comum que foi procurar inspiração no estrangeiro, principalmente em Paris e Londres. A crítica ao Pop Art surge na segunda metade da década dos 60 e no caso dos artistas portugueses é simultânea a experimentação à volta desta linguagem cuja assimilação por sua vez surge desviada, permitindo alongar e transformar a zona de influência do Pop Art.
A obra realizada por Teresa Magalhães no fim de 1960 e prácticamente inédita até agora, é um bom exemplo desta assimilação.
Teresa Magalhães (1944) Sem título, 1973. Tinta acrílica sobre papel, 69 x 104 cm. Coleção Teresa Magalhães. Foto: Carlos Azevedo
Ruy Leitão desenvolveu o seu trabalho em Londres dentro de um contexto académico como aluno de Patrick Caulfield, que o considerava um dos seus estudantes mais brilhantes. A sua obra se situa numa zona de afastamento crítico que conocemos como «pós-pop».
Ruy Leitão (1949-1976) Sem Título, sem data. Feltro e guache sobre papel. Museu Calouste Gulbenkian – Coleção Moderna. inv. DP1939. Foto: Paulo Costa
Outro ponto de encontro entre todos estes artistas do Pós-Pop é o pensamento interventivo, que desenvolvem sobre o próprio objeto artístico como tal, o que os situa nos primeiros ensaios da arte concetual sem por isso abandonar a intenção comunicativa que há no origem da Pop Art.
A influência inglesa sobre os artistas portugueses acentua-se com a ida destes para Londres. Os artistas portugueses reagem à situação anacrónica do país, à guerra colonial que começa em 1961 e chega até ao 25 de abril de 1974, quando se acaba a ditadura e começa a democracia.
Na mostra apresentam-se obras de artistas ingleses que se enquadram dentro desta tendência Pós-Pop: Bernard Cohen, Tom Phillips, Jeremy Moon e Allen Jones entre outros pero sobre todo destacam as obras de artistas portugueses como Teresa Magalhães, Ruy Leitão, Eduardo Batarda, Menez, Nikias Skapinakis, Fátima Vaz, Clara Menéres, João Cutileiro, José de Guimarães, entre muitos outros.
Eduardo Batarda (1943) «No chão que nem uma seta» , 1975. Tinta da China e aguarela sobre papel. Museu Calouste Gulbenkian – Coleção Moderna, inv. DP1340